*Por Celson Coelho
“No
princípio criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e
vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por
sobre as águas.” (Gn 1.1,2)
A terra era vazia, como
pode ter água? Essa pode ser a dúvida de alguns quanto à narração da criação
registrada em Gênesis (Gn).
O texto bíblico nos
revela ações da criação de Deus. Não se constitui um ato único. Os dois
primeiros versículos de Gênesis nos mostram a criação como um todo (“céus e
terra”, v. 1) e que estava sem organização (“sem forma e vazia”, v. 2).
Do versículo 3 em
diante, a partir da interação divina com o universo criado, o texto bíblico nos
mostra as ações de organização do universo criado (vejam termos como “disse
Deus”, “criou Deus”, “fez Deus”).
Então o que temos num
primeiro momento é a criação de forma geral, de forma bruta ou primitiva (sem
organização) e depois os detalhes dessa criação (sua organização).
Com esse panorama fica
melhor entendermos o “vazia” e o ter “água”. Do versículo 6 ao 10 existe uma
longa descrição da organização das águas, neles não descreve-se a criação das
águas. Apenas sua organização. Em nenhum outro momento no relato de Gn 1
fala-se sobre a criação das águas. Logo, subtende-se que as águas foram criadas
no momento da criação “dos céus e da terra” (a criação geral) e depois ocorreu
sua organização. Ou seja, as águas existiam desde o começo da criação.
E o termo vazia (v. 2)
o que quer dizer? Ele refere-se à desocupação da terra. Ainda não existiam as
espécies descritas nos versículos seguintes. A palavra “vazia” juntamente com
“sem forma”, “trevas” e “abismo”, procuram evidenciar que ainda faltava a ação
organizadora de Deus.
Completando toda a criação “viu Deus tudo quanto
fizera, e eis que era muito bom.” (Gn 1.31)
Celson Coêlho
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